ALEXANDRE GONZALEZ
TRADUÇÃO SOPHIE BERNARD
ILUSTRAÇÃO MARCELO COMPARINI
ILUSTRAÇÃO MARCELO COMPARINI
RESUMO
Símbolo do Barcelona por uma década, Josep Guardiola pendurou as chuteiras em
2006 com o projeto de ser treinador. Ao contrário da maioria dos ex-jogadores
que trilham esse caminho, foi estudar e buscar as lições de seus mentores.
Propondo um futebol mais de razão que de resultados, Pep já conquistou 13 dos
16 títulos que disputou como técnico do Barça.
“Meu pai diz que preciso me reconverter. Pergunta o
que quero fazer da vida. Não sei o que dizer; talvez que não vá fazer nada. Mas
ele insiste, quer que eu me mexa, para não passar a imagem de preguiçoso. Mas,
pai, talvez eu não faça nada mesmo da vida…”
Em 2 de agosto de 2006, Josep Guardiola deu uma de
suas últimas entrevistas. Poucas semanas antes, ainda jogava no desconhecido
Dorados de Sinaloa, time mexicano cujo nome soa mais como uma franquia de
beisebol de segunda divisão do que como um clube de futebol profissional.
DIPLOMA
O mês de julho de 2006 é intenso para o ex-capitão
do Barça. Todo dia, ele vai até o subúrbio de La Rosas, rumo à Ciudad del
Fútbol, na capital da Espanha. Lá, acompanha aulas com assiduidade,
preparando-se para se diplomar treinador. O aluno é aplicado e talentoso.
“A escola nacional de futebol espanhola não tem
ranking de classificação para os diplomados, mas posso dizer tranquilamente que
Guardiola estava entre os três melhores da classe”, lembra Oscar Callejo,
secretário da escola.
Com o diploma em mãos, Guardiola não se dá por
satisfeito. Para completar a formação, aconselha-se com treinadores que admira.
“Ele ligou para mim e para um monte de outros
treinadores. Hoje parece coisa de doido: ligar para falar de jogo, analisar,
descascar. Ele tem uma sede insaciável de debater. Eu sabia quando começavam as
conversas com ele, mas nunca quando iam terminar”, diz o técnico argentino
Angel Cappa.
Ex-adjunto de César Luis Menotti e depois de Jorge
Valdano no Real Madrid, treinador do Huracan e do River Plate -foi quem
descobriu Javier Pastore-, Cappa foi para a casa de Guardiola em Barcelona no
final de 2006. “Não sei se ele já pensava em ser treinador, mas para mim era
óbvio. É raro um jogador querer tanto colocar um jogo numa mesa de dissecação.”
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