A
preparação física no FC Barcelona, e a campanha “avisem o Juca Kfouri”
texto do professor Dr. Rodrigo Azevedo Leitão publicado originalmente na Universidade do Futebol (Julho/2009)
A preparação física no
futebol vem evoluindo e sofrendo constantes transformações desde que passou a
ser formalizada nas sessões de treinamento das equipes. No mundo todo, a
organização do processo de treinamento desportivo também passou por
modificações, que, de certa forma, influenciaram as transformações que se
refletiram no futebol.
Recentemente o responsável
pela preparação física da equipe do FC Barcelona, Francisco Seirul-lo Vargas
(está lá, nesse trabalho, desde 1994), em um congresso na Espanha, surpreendeu
a todos (ou quase todos), e, inclusive ao renomado cientista do treinamento
Jurgen Weineck – presente no evento – , em sua explanação, mostrando que em sua
equipe, os treinamentos “físicos” são realizados de maneira integrada aos
objetivos do treinador, e são elaborados para contribuir com a construção do
modelo de jogo adotado pelo FC Barcelona.
Seus treinos, então,
pautados no jogo a ser jogado, distinguem-se do que tradicionalmente são
adotados como modelo, meios e métodos de treinamento. As avaliações dos
jogadores são qualitativas, realizadas no próprio jogo. Não há RASTs, Yo-Yos,
testes de velocidade de limiar de lactato, altura de salto, etc., etc., etc. A
melhor avaliação – parafraseando alguns presentes no evento – , é o futebol
apresentado e o resultado dos jogos.
Claro, isso não quer dizer
que devamos parar tudo, jogar fora décadas de treinos, e começar novamente de
outro jeito. É inegável que métodos tradicionais têm conquistado grandes
resultados – isso é um fato. O que quero destacar é que, primeiro, para a
contextualização de um mesmo problema, caminhos diversos podem ser adotados
como solução, e, esses caminhos, em curto e médio prazo (ah, o tempo!), podem
não apresentar diferenças aparentes nos resultados obtidos; segundo, já faz
algum tempo que um grupo (pequeno) de pessoas aqui no Brasil (treinadores de
futebol, professores, cientistas) está apontando para o caminho descrito pelo
preparador físico do FC Barcelona (inclusive com maiores avanços em algumas
coisas), mas como o bom capital simbólico dessas pessoas está concentrado em
alguns poucos nichos, a informação acaba não se disseminando.
Sobre o primeiro
“destaque”, quero dizer, apoiado em um Prêmio Nobel, o pesquisador Ilya
Prigogine, que certos fenômenos precisam ser observados por um tempo, que tem
que ser o tempo do “próprio fenômeno”, e não o tempo que nós damos, sem saber,
para ele. Então, se por enquanto, aparentemente, caminhos diferentes têm levado
a bons resultados, aguardemos pelo que virá – e aos meus olhos, ao menos o
jogar do FC Barcelona já me parece bem diferente de alguns outros.
Sobre o segundo
“destaque”, quero dizer, que, façamos essa forma diferente da tradicional, de
pensar a preparação desportiva, atingir rapidamente os alvos certos (os nossos
treinadores de ponta, os preparadores físicos, os dirigentes). Nossos
“pensadores da práxis” precisam ser ouvidos. Não dá para esperar o FC Barcelona
ganhar mais um jogo (porque tem gente que vai acreditar, que o problema são só
as “cifras”).
Então pessoal, falem para
o Juca (o Kfouri), quem sabe ele não escuta, e convida um deles para uma
entrevista na ESPN; ou então falem ao Jô (o Soares, para uma conversa inteligente),
o Trajano, o Tostão, sei lá...
Só não me venham com o
Galvão...
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